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Exposição apresenta práticas e conhecimentos de comunidades quilombolas do interior do estado

  • Publicado: Segunda, 09 de Março de 2020, 13h11
  • Última atualização em Segunda, 09 de Março de 2020, 13h18

Explorar a história, a memória e os conhecimentos de povos quilombolas que resistem diante de adversidades há um longo período de tempo. Esse é o objetivo da exposição “Imagens de Campo: Os Jogos de Identidade Quilombola”, que tomou conta do hall do Espaço de Ensino Mirante do Rio desde esta segunda-feira, dia 2 de março. A exposição tem curadoria da professora Denise Cardoso, coordenadora do projeto “Etnografias Audiovisuais em Soure – Marajó – Amazônia Brasileira”, que ficará disponível até o dia 12 de março.

Atualmente, a  UFPA possui mais de mil alunos quilombolas, entre estudantes de graduação e de pós-graduação, e um deles, Felipe Bandeira,  é o responsável pelos registros fotográficos que irão compor a exposição. A ideia surgiu durante uma viagem do Projeto "Etnografias Audiovisuais em Soure - Marajó - Amazônia Brasileira", em que pesquisadores da Universidade foram convidados a acompanhar os jogos de identidade quilombola, no quilombo de Boa Vista.

“Busquei mostrar o mundo como eu o vejo, quero que as pessoas sintam cheiros, ouçam sons e sejam transportadas para onde as imagens foram feitas. Eu acredito que posso apresentar minhas raízes e meu universo, de onde eu vim e o que me constitui utilizando a escrita e a narrativa da fotografia. Esse é meu modo de explorar o mundo e de me conectar com as coisas, fotografar faz tudo o que me rodeia ter sentido. Com isso, busco demonstrar um pouco da nossa identidade quilombola para que as pessoas que nunca foram a um quilombo possam ver nosso riso e um pouco do que somos”, explica Felipe Bandeira.

Exposição Foto Felipe Bandeira 3Segundo a curadora da exposição, Denise Cardoso, a mostra irá proporcionar ainda a oportunidade de seus visitantes terem conhecimento da importância de se valorizar a identidade da população remanescente de quilombo. “O ver e o ver-se é um ótimo elemento de reflexão sobre alteridades e culturas que estão próximas e nem sempre visibilizadas ou valorizadas. A proposta dessa exposição é contribuir com essa reflexão, a partir da ampliação da visibilização destas pessoas que estão em áreas quilombolas e daquelas que já vivenciam a UFPA como discentes desta instituição”, declara a professora.

Para o autor das fotos, Felipe Bandeira, a exposição é também uma oportunidade de diminuir o preconceito que ainda afeta a população quilombola e é fruto de uma série de fatores históricos, sociais e culturais.

“Esta exposição é um pequeno passo na tentativa de acabar com estereótipos e diminuir o preconceito, mostrar para as pessoas que ser quilombola é lutar, dia após dia, para manter vivas nossas tradições, nossa cultura em um país que esquece com rapidez as coisas, mostrar que temos memória, nossas e de nossos ancestrais, e que sabemos quem somos”.

Exposição Foto Felipe BandeiraEtnografias Audiovisuais em Soure - Marajó - Amazônia Brasileira – O projeto, vinculado ao Grupo de Estudos em Antropologia Visual e da Imagem (Visagem), é uma proposta de realização de ações extensionistas no município de Soure, baseado no uso de linguagens audiovisuais e em outras formas de expressões narrativas. O público envolvido neste projeto é, preferencialmente, jovens e crianças que vivem no município de Soure. Contudo pessoas de outras faixas etárias e de municípios vizinhos, como Salvaterra e Cachoeira do Arari, podem participar.

Segundo a professora Denise Cardoso, a proposta do projeto é trabalhar o audiovisual para desenvolver outras formas de narrativas para que as pessoas possam expressar suas ideias, crenças, saberes, estéticas, valores e sonhos.

“O projeto oferece oficinas de fotografia e cinema, com o intuito de estabelecer um diálogo que envolva técnica, estética e ética na produção de narrativas fílmicas e fotográficas. Uma das ênfases é estabelecer o máximo possível a participação das pessoas nesse processo criativo. No caso das populações tradicionais, o visual se torna um dos vetores de expressão de identidades quilombolas e dos povos originários da Amazônia”. 

Serviço:

Exposição “Imagens de Campo: Os Jogos de Identidade Quilombola”

Período: 2 a 12 de março

Local: Espaço de Ensino Mirante do Rio

Texto: Rafael Miyake – Assessoria de Comunicação da UFPA
Fotos: Felipe Bandeira

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