Plenária discute o novo PSE para migrantes, refugiados, asilados, apátridas e vítimas de tráfico humano
A Assessoria de Diversidade e Inclusão Social (ADIS/UFPA) convocou uma plenária para discutir vários pontos relacionados com o novo Processo Seletivo da UFPA, que será destinado a pessoas refugiadas, asiladas, apátridas e vítimas de tráfico humano. O evento, ocorrido no dia 26 de junho, teve como tema “Pensando o acolhimento solidário na UFPA aos imigrantes, refugiados/as, asilados/as, apátridas e vítimas de tráfico de pessoas” e foi realizado no auditório da Secretaria-Geral dos Conselhos Superiores Deliberativos da Universidade Federal do Pará (SEGE/UFPA).
O debate contou com a presença do vice-reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva; da pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação (Propesp), Iracilda Sampaio; da Coordenadora da Assessoria de Diversidade e Inclusão Social (ADIS), Zélia Amador de Deus; da representante em Belém do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur/ONU), Janaína Galvão; da professora relatora da proposta do PSE-Migre aprovada pelo CONSEPE, professora Jane Beltrão. Também estiveram presentes representantes da Associação dos Estudantes Estrangeiros da UFPA (AEE), Coordenadores e Representantes de cursos de graduação e pós-graduação de diversos campi da Universidade, e discentes interessados pelo tema.
Durante o debate, foram pautadas questões como a situação da imigração no Brasil, a forma de execução do PSE-Migre que irá criar duas vagas reservadas em cada curso para atender os imigrantes, refugiados/as, asilados/as, apátridas e vítimas de tráfico de pessoas, e como como garantir a inclusão dessas pessoas na comunidade acadêmica. “A Universidade se beneficia muito com a presença das pessoas que vem de fora do país, assim como dos quilombolas, alunos indígenas, etc. Então, se você não traz essas pessoas para dentro da Instituição, perdemos a oportunidade de ter grandes talentos aqui. Ter essas pessoas na Universidade não é uma conquista só delas, é uma conquista da UFPA e da comunidade acadêmica como um todo”, pontuou o vice-reitor, Gilmar Pereira da Silva, ao destacar a tese defendida pelo reitor da UFPA, Emmanuel Tourinho, de que o talento é dividido de forma equânime em todos os grupos sociais.
Para a professora Zélia Amador, é indispensável conhecer quem são essas pessoas que serão beneficiadas e de que forma elas serão integradas à comunidade acadêmica. “Nós precisamos ter programas de extensão, de pesquisa e pós-graduação abrangendo estudos que digam respeito a estes grupos. Não é só a gente pensar no acolhimento, mas pensar em quem são essas pessoas, quais as necessidades dessas pessoas, o que podemos fazer para acolhê-los, da melhor maneira possível, para que eles se sintam entrosados entre nós, possam exercer o seu curso e possam ter êxito acadêmico nos cursos que escolheram”, pontuou.
Imigração no Brasil – Segundo Janaína Galvão, atualmente o Brasil conta com 170 mil solicitações de refúgio pedentes de aprovação, enquanto 11.200 já conseguiram o reconhecimento do governo brasileiro sobre a sua condição de refugiado, em sua maioria sírios, congoleses, colombianos e palestinos. Ainda segundo a representanta da ACNUR em Belém, é importante lembrar que muitos desses refugiados já têm um alto grau de escolaridade e, neste sentido, dar esta oportunidade para que eles possam dar continuidade aos seus estudos é de grande valor.
“Temos hoje, no Brasil, 11 Instituições de Ensino que têm processo seletivo especial para a população refugiada e imigrante, mas, com essa abrangência proposta, a gente entende que a UFPA seja a primeira”, disse Janaína Galvão sobre o fato da PSE-Migre incluir pessoas asiladas, apátridas e vítimas de tráfico humano, além de imigrantes e exilados que têm sido os dois grupos atendidos por outros processos de seleção.
Por outro lado, Janaína Galvão sugeriu também que os povos indígenas, como os venezuelanos da etnia Warao - que chegam no Pará após uma longa jornada migratória e têm extrema dificuldade de comunicação devido a não falarem o idioma local e muitas vezes nem o espanhol - sejam incluídos em atividades de extensão da Universidade, com o oferecimento de serviços de saúde, atendimento jurídico, acompanhamento psicológico, entre outros. Outra sugestão foi a de aceitar no PSE-Migre as pessoas que ainda aguardam para conseguir o refúgio brasileiro, visto que o processo para sua obtenção é bastante burocrático e pode se estender por quatro anos.
Ações de integração – Para a professora Jane Beltrão, que relata o edital PSE-Migre ao CONSEPE, é necessário que os coordenadores de cursos de graduação e pós-graduação se reunam em prol do acolhimento e recepção das pessoas que possam vir a entrar na UFPA por meio do PSE-Migre. “Eu, junto a Zélia e às outras pessoas da ADIS, estamos nos comprometendo a ir às unidades acadêmicas para discutir, com os professores e com os coordenadores de curso, a importância ação humanitária para a nossa região”.
Algumas propostas de integração e acolhimento sugeridas pelos Coordenadores de cursos presentes foi a criação e divulgação de projetos de extensão que trabalhem para diminuir a dificuldade de adaptação do grupo, como o que já é realizado com estudantes quilombolas e indígenas, e a realização de acompanhamento pedagógico aos interessados enquanto cursam a graduação, para que as dificuldades sejam superadas.
Por fim, os futuros alunos estrangeiros também poderão contar com o auxílio da Associação dos Estudantes Estrangeiros (AEE) da UFPA, que esteve representada na plenária pelo estudante Enock Akodedjro, o qual lembrou que a AEE já vem fazendo um trabalho de acolhimento de alunos de outros países. “Ficamos muito felizes em saber da aprovação desse PSE. A Associação dos Estudantes Estrangeiros já tem esse papel de acolher os estudantes de fora, orientar, ajudar, apoiar aqui na universidade e tentar incluir eles com as demais comunidades universitárias”, pontuou.
Para quem desejar coloborar ou tiver dúvidas sobre como irá funcionar o PSE-Migre, a ADIS está à disposição para acolher sugestões para o PSE-Migre, que podem ser enviadas para o e-mail adis@ufpa.br ou indo pessoalmente na sede da ADIS, na sala 5 do bloco C, no setor básico do campus de Belém da UFPA. Um calendário de visitas às faculdades e Institutos será elaborado para debater a realização do processo seletivo sob a coordenação da professora Zélia Amador.
Texto: Adams Mercês – Assessoria de Comunicação da UFPA
Fotos: Lucas Brito
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